História

Onde a história começa

Os vestígios mais antigos da história do concelho de arganil situam-se na Lomba do canho e Dolmem dos Moinhos de Vento, bem perto da vila de Arganil. Pela cronologia da sua construção e ocupação, centrada nos segundo e terceiro quartéis do século I a.C., bem antes da criação da província da Lusitânia, a instalação militar corresponde a uma fase de apropriação do território pelos romanos. Não já aos primórdios da conquista e submissão das populações locais, mas a um segundo momento de controle e exploração de recursos, sob a vigilância de uma guarnição militar.

Também em Coja é possível descortinar alguma ocupação em épocas mais antigas. As riquezas auríferas do rio Alva e da Ribeira da Mata, de cuja exploração desde tempos antigos se reconhecem múltiplos testemunhos nas suas margens, terão sido um fator de atração de gentes para esta região, situada num ponto nodal da rede viária.

Não são muitos, nem muito significativos os vestígios da época romana que se encontraram em Coja. Aqueles que se conhecem, sobretudo localizados junto à via que vinda de Coimbra (Aeminium) passava por Lomba do Canho, Qta. do Mosteiro, Lomba dos Palheiros (Vale Moleiro), Vale de Carro, Sra. da Ribeira, Coja, franqueava o Rio Alva, em Coja e rumaria a Norte para a Bobadela e/ou a Nordeste na direção do Castro de S. Romão (Seia), parecem corresponder a edificações relacionadas com a exploração dos recursos auríferos no Rio Alva.

Os primeiros documentos escritos

Sabemos que a parte ocidental da Serra da Estrela foi, durante dezenas de anos, uma zona de fronteira. Provavelmente foi, até ao fim do século XI, terra de ninguém. Os habitantes seriam o povo autóctone, descendente dos Lusitanos, que subsistiu às agruras da guerra. Serão pois um conjunto de homens livres que povoam este território.

Mas à medida que o território se vai organizando as atenções viram-se inevitavelmente para esta zona que se apresenta como uma entrada para as incursões dos muçulmanos no interior. Aparecem assim os primeiros documentos que provam ações realizadas no sentido da organização do território, construção de castelos, ocupação de terras, fixação de pessoas.

A partir do século XII conhecemos alguns nomes como o franco Uzberto, Anaia Vestrariz, Randulfo Soleimás, Fernão Peres de Trava que se instalam nesta zona.

São homens aventureiros que combatem por sua conta e recebem do rei favores pelas vitórias alcançadas na luta contra os mouros. A partir da chegada de D. Afonso Henriques ao poder e das lutas travadas com sua mãe

  1. Teresa, estes senhores perdem a importância junto do rei, deixam a corte e estabelecem-se nos locais onde têm as suas terras formando aí os seus senhorios.

Aparecem também os senhorios eclesiásticos. O mais antigo é o de Arganil que em 1114

recebe foral dado pelo bispo de Coimbra D. Gonçalo. O castelo de Coja é dado por D. Teresa ao Bispo de Coimbra em 1122, depois de ter pertencido a Fernão Peres de Trava, que recebe como compensação o castelo de Santa Eulália.

O Mosteiro de Folques, que a partir de 1160 mantém ligação aos Cónegos Regrantes de Santa Cruz de Coimbra, desempenha um papel muito importante no desenvolvimento social e económico da região, tendo dado carta de foro a Folques no início do século XIII, talvez 1204, para além das cartas de foral que deu às suas terras de Fajão em 1233, Cepos em 1237 e Alvares, possivelmente ainda durante o século XIII.

O Convento de Vila Cova de Alva

O Convento de Vila Cova de Alva surgiu apenas no século XVIII, ligado aos Franciscanos da Província da Conceição. Foi seu fundador, ou principal impulsionador, o Desembargador Luís da Costa Faria e encarregou-se de riscar a casa monástica João Coelho Coluna.

De acordo com os ideais e a regra franciscana, a casa de Vila Cova era modesta, facto que não invalida que a sua capela fosse ornada com imagens de qualidade e ostentasse uma talha sumptuosa.

Primeiro Foral dado a Arganil – 1114

A Sé de Coimbra possuía o senhorio de Arganil. Em 1114 o Bispo D. Gonçalo deu Foral aos seus habitantes. Dividia-se a população em jugadeiros e cavaleiros vilãos. Especificavam-se os direitos de caça, a parada ou colheita, e o serviço de caminheiros, não esquecendo declarar que os cavaleiros vilãos ficavam isentos de jugada. Determinava–se a natureza que adquiriam os prédios passando da mão dos peões para a dos cavaleiros –vilãos, bem como as condições necessárias para qualquer ser incluído nessa categoria. Em todo o foral porém não há uma única circunstância que revele a existência em arganil, de magistraturas próprias e sem uma por adição, feita nesse diploma depois de expedido, ele não passaria de um simples contrato civil. Esta adição, redigida em nome dos colonos, é a seguinte: «além de tudo, acrescentamos um sexteiro acada boi para que nos não pusessem ninguém por alcaide senão a nosso contento».

O Foral de 1514, outorgado por D. MANUEL I

O Foral Manuelino atribuído a Arganil é um códice em pergaminho. O exemplar que se encontra na Câmara Municipal de Arganil encontra-se amputado das primeiras 5 folhas que incluía folha do rosto e a tabuada.

A sua estrutura codicológica é composta por dois cadernos de pergaminho.

As dimensões máximas são de 250mm x 170mm, ocupando a caixa de texto 160mm x 120mm.

Cada folha apresenta ao centro no topo a numeração romana.

A Feira do Mont’Alto

Além do comércio fixo, então relativamente pouco importante, deve referir-se a feira de Mon’talto, que se realizava entre 6 a 8 de Setembro de cada ano, e que atraía comerciantes vindos de diversas terras do país, nomeadamente da Beira Alta e do Alentejo.

Esta antiquíssima feira, que tinha o estatuto de feira franca, constituía um acontecimento extraordinário, e não só do ponto de vista comercial, pois transformava por completo o habitual ritmo compassado e monótono da vida quotidiana de Arganil, ao mesmo tempo que permitia alguns raros momentos de distração e lazer.

As principais transações eram feitas nos negócios de fancaria, ouro, calçado e linho em bruto (ramo em que se chegaram a fazer negócios avaliados em 80 contos, quantia muito elevada para a época). Igualmente importante era a feira do gado, em especial no que se refere ao gado bovino, considerado o “principal factor comercial desta feira, costumando por isso (…) ser o regulador [barómetro] do respectivo movimento transacional”.

Em 1902, três dias antes do início da feira, tinham sido alugadas 122 barracas para fazendas brancas e de lã, 23 para chapelaria, 10 para ferragens finas, 7 para relojoaria, 18 para ourivesaria, 20 para linho em rama, 6 para caldeireiros, 7 para latoeiros, 12 para sapateiros, 50 para artigos de quinquilharia, 20 para cordoaria, 18 para ferragens grossas, 9 para louça fina, 30 para saragoças (panos grossos de lã) e 50 botequins.

A instalação da Luz Elétrica

A partir da primeira metade do século XX inicia-se o processo de instalação da Luz elétrica no concelho de Arganil. Este processo vai atravessar todo o século XX, tendo as ultimas aldeias recebido a luz elétrica já quase no final do século.

A HEA foi a única empresa criada no concelho de Arganil com a exclusiva finalidade de “exploração das indústrias eléctricas”. A sua constituição aconteceu em 22 de Fevereiro de 1927, e estabelecia que a empresa tivesse a sua sede em Arganil e a sua fábrica – a central produtora – no sítio de Rei de Moinhos, no limite e freguesia de Meda de Mouros, já no concelho de Tábua, a cerca de 6 km desta vila.

Se a Competidora Comercial e Industrial de Arganil, Lda. foi concessionária do fornecimento de energia elétrica ao concelho de Arganil somente durante cinco anos, entre 1926 e 1930, a HEA assumirá essa concessão em finais de 1930 e irá mantê-la até 30 de Setembro de 1978.

História das Freguesias

A divisão administrativa do concelho de Arganil sofreu mutações ao longo dos tempos. Assim:

A Freguesia da Benfeita só passou a fazer parte deste Concelho a partir de 1853, tendo até esta data pertencido ao extinto Concelho de Côja.

A Freguesia da Cerdeira só passou a fazer parte deste Concelho a partir de 1853, tendo até esta data pertencido ao extinto concelho de Côja.

A Freguesia de Côja só passou a fazer parte deste Concelho a partir de 1853, tendo até esta data pertencido ao extinto Concelho de Côja.

A Freguesia de Vila Cova do Alva só passou a fazer parte deste Concelho a partir de 1853, tendo até esta data pertencido ao extinto Concelho de Côja.

A Freguesia de Anceriz só passou a fazer parte deste Concelho a partir de 1855, por extinção do Concelho de Avô.

A Freguesia de Celavisa só passou a fazer parte deste Concelho a partir de 1855.

A Freguesia do Piódão só passou a fazer parte deste Concelho a partir de 1855, por extinção do Concelho de Avô.

A Freguesia de Pomares só passou a fazer parte deste Concelho a partir de 1855, por extinção do concelho de Avô.

A Freguesia de Pombeiro da Beira só passou a fazer parte deste Concelho a partir de 1855, por extinção do Concelho de Pombeiro da Beira.

A Freguesia de S. Martinho da Cortiça só passou a fazer parte deste Concelho a partir de 1855 por transição do Concelho de Tábua, onde pertenceu desde 1853, por extinção do Concelho de Farinha Podre, englobando nessa altura a Freguesia de Paradela, a qual foi anexada ao Concelho de Tábua em 1895 e depois ao de Penacova em 1898.

A Freguesia de Teixeira só passou a fazer parte deste Concelho a partir de 1855, por extinção do Concelho de Fajão.

A Freguesia de Barril de Alva só foi criada em 1924, tendo até aí pertencido à de Vila Cova do Alva (designada até essa data de Vila Cova de Sub-Avô).

A Freguesia de Moura da Serra só passou a fazer parte deste Concelho a partir de 1962, tendo até esta data pertencido à Freguesia de Avô e ao  Concelho de Oliveira do Hospital.

Com a entrada em vigor da Lei n.º 11 – A/2013 de 28 de Janeiro (Reorganização administrativa do território das freguesias), o Concelho de Arganil passou a ser composto por 10 freguesias e 4 uniões de freguesias:

Freguesias: Arganil, Benfeita, Celavisa, Folques, Piódão, Pomares, Pombeiro da Beira, São Martinho da Cortiça, Sarzedo e Secarias

Uniões de Freguesia: Cepos-Teixeira, Cerdeira – Moura da Serra, Côja – Barril de Alva e Vila Cova de Alva – Anceriz.